Uma vez me perguntaram quando e como surgiu a insana idéia de dar personalidades esteriotipadas a gatos, aves, cães e outros animais usando-os assim para fazer piada com situações peculiares do dia-a-dia e tantas outras criíicas sociais embutidas nas histórias. Certamente, essa sempre me foi uma questão difícil para se responder. E eu sempre serei vago e impreciso, como todos seriam se lhe perguntassem como e quando você começou a andar ou como você aprendeu a tabuada.
Quando você é alguém que é viciado em contar histórias e criar personagens, sabe que boa parte disso está aquém de suas mãos. Elas nascem, crescem muito mais do que você poderia imaginar e, por fim, parecem assumir vida independente. Seu papel como criador, se reduz então ao de um regente. Você apenas coloca suas crias em situações interessantes, e elas respondem sozinhas.
Assim, aconteceu com Ébano e Vigia. Eles sempre estiveram em algum lugar, perdidos, só esperando para que eu os descobrisse e os revelasse pela primeira vez ao mundo. E assim que aconteceu, eles rapidamente se desenvolveram e lutaram pela sua liberdade. Por fim, conquistaram o seu espaço.
Mesmo sem nome ainda, o Ébano já estava rondando por aí. Aparecia perdido entre um detalhe de um desenho e outro ou surgia com um estridente miado nas páginas de minha primeira homepage e atual marca, a Paranigma. Não demorou muito para começar a matraquear. Logo, começaram seus discursos de luta social e já surgia aprontando nos emails enviados aos meus amigos por volta de 2001. Daí, em algum momento, ele foi batizado com o nome Ébano e o mundo a partir dali seria amaldiçoado com suas irreverentes implicâncias e confusões.
Algum tempo mais tarde, eu observava que por mais que Ébano fosse já bastante forte sozinho, algo parecia faltar ao seu lado. Não que ele fosse gostar daquela pequena concorrência por atenções, mas era algo que precisava ser feito. Em minhas mãos, havia um ovo e dele veio uma coruja. Em 2003, arrisquei um primeiro diálogo entre os dois, num ambiente virtual neutro. Gostei do resultado e enviei junto com outras coisas aos meus amigos. A ave noturna de grito estridente, que parecia sempre estar com a razão acabou recebendo o inusitado nome Vigia e estaria predestinada justamente a controlar os surtos desvairados do gato.
Esse encontro recebeu o título provisório de “Intrigas” e tinha previsão de se concluir em doze partes. Contudo, eu tive que interromper as histórias e só voltar a dar continuidade a elas em um Blog em 2004, que acabei por batizar com o título “Criaturas”. Simples e eficiente, a palavra me permitia explorar não só Ébano e Vigia como outros tantos personagens que estavam para serem descobertos.
Do Blog, veio a primeira tentativa de um site, mas não era exatamente aquilo que eu imaginava como ideal. Então, após um ano, justamente numa data tão especial que foi o lançamento da Paranigma, minha atual marca, e que acabei considerando também como sendo o aniversário de criação do Ébano, eu resolvi investir num relançamento.
Juntando o melhor que construí naquele Blog e as velhas e boas histórias, Ébano e Vigia retornam para A Caixa do Gato Preto, uma nova iniciativa de trazer as divertidas e loucas histórias dessas criaturas únicas. Eis que estamos todos aqui, prontos para mais essa grande jornada.
Adaptado de um escrito do Coveiro, no dia 19 de Novembro de 2005
